"Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões". ...Leon Denis

"O espiritismo é toda uma ciência, é toda uma filosofia.Quem desejar conhece-lo seriamente deve pois, como primeira condição,submeter-se a um estudo sério e persuadir-se que mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando" Allan Kardec

"Se a religião recusa caminhar com a ciência, a ciência avança sozinha."... (Allan Kardec)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

OS FLUIDOS - CAPÍTULO XIV A GÊNESE



I. Natureza e propriedades dos fluidos: Elementos fluídicos. - Formação e propriedades do perispírito. - Ação dos Espíritos sobre os fluidos;

criações fluídicas; fotografia do pensamento. - Qualidades dos fluidos. -

II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais: Vista espiritual ou psíquica; dupla vista; sonambulismo. - Sonhos. - Catalepsias; ressurreições. - Curas.

Aparições; transfigurações. - Manifestações materiais; mediunidade. -Obsessões e possessões.


I. NATUREZA E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS


Elementos fluídicos


1. - A Ciência resolveu a questão dos milagres que mais particularmente


derivam do elemento material, quer explicando-os, quer lhes demonstrando a
impossibilidade, em face das leis que regem a matéria. Mas, os fenômenos em
que prepondera o elemento espiritual, esses, não podendo ser explicados
unicamente por meio das leis da Natureza, escapam às investigações da
Ciência. Tal a razão por que eles, mais do que os outros, apresentam os
caracteres aparentes do maravilhoso. É, pois, nas leis que regem a vida
espiritual que se pode encontrar a explicação dos milagres dessa categoria.


2. - O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria


elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da


Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do Universo, ele assume dois
estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar
o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é,
de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação
do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto
podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre
os dois estados. (Cap. IV, nº10 e seguintes.)


Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos


especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do
mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da
Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou
psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem
nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal
se acham incessantemente em contacto, os fenômenos das duas categorias
muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o
homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida
corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem
ser percebidos no estado de Espírito. (1)


3. - No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar


de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas
talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem
fluidos distintos que, embora procedentes do mes-


__________
(1) A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento,


do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades
e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta
qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois,
admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.


ELEMENTOS FLUÍDICOS


mo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos
peculiares ao mundo invisível.


Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que


também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos
tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as
substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem
determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que
por processos diferentes.


Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos


é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do
mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão
incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os
quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o
são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é
que vêem e escutam.


4. - Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos


instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para
perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Alguns há, pertencentes
a um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer idéia
mediante comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um
cego de nascença procura fazer idéia da teoria das cores.


Mas, entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal,


que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta,
seus efeitos podem observar-se, como se observam os do fluido do imã, fluido
que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos
de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma
imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as
leis da matéria.


5. - A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar idéia, é o ponto de


partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em
matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações,
mais ou menos aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos da
materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode
chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários
são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste
planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por
muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de
ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões
superiores.


O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças


de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto
menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais
com a matéria propriamente dita.


Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que,


em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De
realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa
denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles
guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são a matéria do mundo
espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.


6. - Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Ela


talvez somente seja compacta em relação aos nossos sentidos; prová-lo-ia a
facilidade com que a atravessam os fluidos espirituais e os Espíritos, aos quais
não oferece maior obstáculo, do que o que os corpos transparentes oferecem à
luz.


Tendo por elemento primitivo o fluído cósmico etéreo, à matéria tangível


há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo
modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás
impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria


FORMAÇÃO E PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO


não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao
seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.


Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é


suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades
particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer
supô-lo. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir,
sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão
compreender o que se nos conserva em mistério.


Formação e propriedades do perispírito


7. - O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais


importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em
torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal
tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado
em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera
diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas
qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no
mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados
diferentes.


8. - Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito,


isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os
elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os
mundos. Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado em comparação com a
Terra, como um orbe onde a vida corpórea não apresenta a materialidade da
nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais
quintessenciada do que aqui. Ora, assim como não poderíamos existir naquele
mundo com o nosso corpo carnal, também os nossos Espíritos não poderiam
nele penetrar com o perispírito terrestre que os reveste. Emigrando da Terra, o
Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar.


9. - A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau


de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de
envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, a vontade, de um
mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que
etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais
pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para
não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se
devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem
com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos,
cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra, como os
encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros um
pouco mais desmaterializados não o são, contudo, suficientemente, para se
elevarem acima das regiões terrestres. (1)


Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e,


até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram,
os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio
em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas
vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.


É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se


aos habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes. Tais Espíritos
trazem consigo, não o invólucro, mas a lembrança, por intuição, das regiões
donde vieram e que, em pensamento, eles vêem. São videntes entre cegos.


__________
(1) Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: Revue Spirite, dezembro


de 1859, pág. 310; - novembro de 1864, pág. 339; - abril de 1865, pág. 177.


FORMAÇÃO E PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO


10. - A camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se pode comparar


às camadas inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos
puras, do que as camadas superiores. Não são homogêneos esses fluidos; são
uma mistura de moléculas de diversas qualidades, entre as quais
necessariamente se encontram. as moléculas elementares que lhes formam a
base, porém mais ou menos alteradas. Os efeitos que esses fluidos produzem
estarão na razão da soma das partes puras que eles encerram. Tal, por
comparação, o álcool retificado, ou misturado, em diferentes proporções, com
água ou outras substâncias: seu peso específico aumenta, por efeito dessa
mistura, ao mesmo tempo que sua força e sua inflamabilidade diminuem,
embora no todo continue a haver álcool puro.


Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos;


porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se
formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao
mundo onde ele encarna. O Espírito produz aí, sempre por comparação e não
por assimilação, o efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas que a
sua natureza pode assimilar.


Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é


idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a
Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal,
que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que
seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os
mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo
que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.


Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica


com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele
encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando
excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.


11. - O meio está sempre em relação com a natureza dos seres que têm


de nele viver: os peixes, na água; os seres terrestres, no ar; os seres espirituais
no fluido espiritual ou etéreo, mesmo que estejam na Terra. O fluido etéreo está
para as necessidades do Espírito, como a atmosfera para as dos encarnados.
Ora, do mesmo modo que os peixes não podem viver no ar; que os animais
terrestres não podem viver numa atmosfera muito rarefeita para seus pulmões,
os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão dos fluidos
mais etéreos. Não morreriam no meio desses fluidos, porque o Espírito não
morre, mas uma força instintiva os mantêm afastados dali, como a criatura
terrena se afasta de um fogo muito ardente ou de uma luz muito deslumbrante.
Eis aí por que não podem sair do meio que lhes é apropriado à natureza; para
mudarem de meio, precisam antes mudar de natureza, despojar-se dos instintos
materiais que os retêm nos meios materiais; numa palavra, que se depurem e
moralmente se transformem. Então, gradualmente se identificam com um meio
mais depurado, que se lhes torna uma necessidade, como os olhos, para quem
viveu longo tempo nas trevas, insensivelmente se habituam à luz do dia e ao
fulgor do Sol.


12 - Assim, tudo no Universo se liga, tudo se encadeia; tudo se acha


submetido à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta
materialidade, até a mais pura espiritualidade. A Terra é qual vaso donde se
escapa uma fumaça densa que vai clareando à medida que se eleva e cujas
parcelas rarefeitas se perdem no espaço infinito.


A potência divina refulge em todas as partes desse grandioso conjunto e,


no entanto, quer-se que Deus, não contente com o que há feito, venha perturbar
essa harmonia! que se rebaixe ao papel de mágico, produzindo efeitos pueris,
dignos de um prestidigitador! E ousa-se, ainda por cima, dar-lhe como rival em
habilidade o


AÇÃO DOS ESPÍRITOS. CRIAÇÕES FLUÍDICAS


próprio Satanás! Não haveria modo de amesquinhar mais a majestade divina e
admiram-se de que a incredulidade progrida.


Tendes razão de dizer: «A fé vai-se.» Mas, a que se vai é a fé em tudo o


que aberra do bom-senso e da razão; é a fé idêntica à que outrora levava a
dizerem: «Vão-se os deuses!» A fé, porém, nas coisas sérias, a fé em Deus e
na imortalidade, essa está sempre vivaz no coração do homem e, por mais
sufocada que tenha sido sob o amontoado de histórias pueris com que a
oprimiram, ela se reerguerá mais forte, desde que se sinta libertada, tal como a
planta que, comprimida, se levanta de novo, logo que a banham os raios do Sol!


Efetivamente, tudo é milagre em a Natureza, porque tudo é admirável e


dá testemunho da sabedoria divina! Esses milagres se patenteiam a toda gente,
a todos os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir e não em proveito apenas de
alguns! Não! milagres não há no sentido que comumente emprestam a essa
palavra, porque tudo decorre das leis eternas da criação, leis essas perfeitas.


Ação dos Espíritos sobre os fluidos. - Criações fluídicas. -


13. - Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o
elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde
ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito,
mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente à matéria
tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela
causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento,
como o ar o é do som.


14. - Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a
vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou
qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles
conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração
determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos
gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande
oficina ou laboratório da vida espiritual.


Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção;


doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito
pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária,
para que esta repercuta na atmosfera.


É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que


possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em
que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas
encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores -
enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. - que tinha então. Um
decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja
conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não
é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que,
retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu
perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir
logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma
vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro,
conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o
seu pensamento.


Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os


objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um
militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um
lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o
Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluidicos são tão reais, como
o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão


de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a
deste. (1)


15. - Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os


fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos
traz o som.. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que há, nesses fluidos,
ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há
no ar ondas e raios (2) sonoros.


Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório


perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se
fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o
corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação
pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa
fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem
da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola
no espírito.


Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no


envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o
que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela
pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode
determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar
os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias
ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições. Ele
não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a
preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios
bons ou maus.


__________
(1) Revue Spirite, junho de 1859, pág. 184. - O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. VIII.
(2) Nota da Editora, à 16ª edição, de 1973: Como consta no original francês. Usaríamos


o termo vibrações, definido com clareza nos modernos dicionários e plenamente consagrado na
nossa literatura espírita.






Qualidades dos fluidos


16. - Tem conseqüências de importância capital e direta para os


encarnados a ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais. Sendo esses
fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades,
é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más
dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza
dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como
os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem os
Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto, viciados, ao passo que os
que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o
grau da perfeição moral destes.


17. - Fora impossível fazer-se uma enumeração ou classificação dos


bons e dos maus fluidos, ou especificar-lhes as respectivas qualidades, por ser
tão grande quanto a dos pensamentos a diversidade deles.


Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no


meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar
pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as
circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou
permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de
tais ou tais efeitos.


Também carecem de denominações particulares. Como os odores, eles


são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o
ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de
ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de
benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são
excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes,
soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de
transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da
Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.


18. - Sendo apenas Espíritos encarnados, os homens têm uma parcela da vida espiritual, visto que vivem dessa vida tanto quanto da vida corporal;


Primeiramente, durante o sono e, muitas vezes, no estado de vigília. O Espírito,
encarnado, conserva, com as qualidades que lhe são próprias, o seu perispírito
que, como se sabe, não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor
e o envolve como que de uma atmosfera fluídica.


Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha


preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito
encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os
Espíritos encarnados.


O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o


dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e,
conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.


Desde que estes se modificam pela projeção dos pensamentos do


Espírito, seu invólucro perispirítico, que é parte constituinte do seu ser e que
recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há de,
ainda mais, guardar a de suas qualidades boas ou más. Os fluidos viciados
pelos eflúvios dos maus Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes,
cujos perispíritos, porém, serão sempre os mesmos, enquanto o Espírito não se
modificar por si próprio.


Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos


espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um
líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta,
quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.


Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o


organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o


corpo


ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são
permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas;
não é outra a causa de certas enfermidades.


Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados


de maus fluidos que o encarnado absorve pelos poros perispiríticos, como
absorve pelos poros do corpo os miasmas pestilenciais.


19. - Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares de


reunião. Uma assembléia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É
como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota.
Resulta daí uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja
impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como num coro musical cada
um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.


Mas, do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas ou


dissonantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o
conjunto é harmonioso, agradável é a impressão; penosa, se aquele é
discordante. Ora, para isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize
por palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre.


Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática,


animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre
atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, porque
impregnado de salutares eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe misturem
alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma corrente de ar
gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse
modo também se explica a ansiedade, o indefinível mal-estar que se
experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensamentos provocam
correntes de fluido nauseabundo.


20. - O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que


reage sobre o moral, fato este que só o Espiritismo podia tornar compreensível.
O homem o sente instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e
simpáticas, onde sabe que pode haurir novas forças morais, podendo-se dizer
que, em tais reuniões, ele recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias
pela irradiação do pensamento, como recupera, por meio dos alimentos, as
perdas do corpo material. É que, com efeito, o pensamento é uma emissão que
ocasiona perda real de fluidos espirituais e, conseguintemente, de fluidos
materiais, de maneira tal que o homem precisa retemperar-se com os eflúvios
que recebe do exterior.


Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de


boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento
bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto
sobre o moral.


21. - Dir-se-á que se podem evitar os homens sabidamente mal-


intencionados. É fora de dúvida; mas, como fugiremos à influência dos maus
Espíritos que pululam em torno de nós e por toda parte se insinuam, sem serem
vistos?


O meio é muito simples, porque depende da vontade do homem, que traz


consigo o necessário preservativo. Os fluidos se combinam pela semelhança de
suas naturezas; os dessemelhantes se repelem; há incompatibilidade entre os
bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.


Que se faz quando está viciado o ar? Procede-se ao seu saneamento,


cuida-se de depurá-lo, destruindo o foco dos miasmas, expelindo os eflúvios
malsãos, por meio de mais fortes correntes de ar salubre. A invasão, pois, dos
maus fluidos, cumpre se oponham os fluidos bons e, como cada um tem no seu
próprio perispírito uma fonte fluídica permanente, todos trazem consigo o
remédio aplicável. Trata-se apenas de purificar essa fonte e de lhe dar qualidades tais, que se constitua para as más influências um repulsor, em vez de ser uma força atrativa. O perispírito, portanto, é uma couraça a que se
deve dar a melhor têmpera possível. Ora, como as suas qualidades guardam relação com as da alma, importa se trabalhe por melhorá-la, pois que são as imperfeições da alma que atraem os Espíritos maus.


As moscas são atraídas pelos focos de corrupção; destruídos esses


focos, elas desaparecerão. Os maus Espíritos, igualmente, vão para onde o mal
os atrai; eliminado o mal, eles se afastarão. Os Espíritos realmente bons,
encarnados ou desencarnados, nada tem que temer da influência dos maus.


II. EXPLICAÇÃO DE ALGUNS FENÔMENOS CONSIDERADOS


SOBRENATURAIS


Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista.


Sonambulismo. Sonhos


22. - O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida


espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação
contínua com os desencarnados; é, em suma, por seu intermédio, que se
operam no homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se
encontra na matéria tangível e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.


É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de


procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode
chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, freqüentemente a
seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.


O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este


percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos
do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e
limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido es-piritual, ou psíquico, elas se generalizam o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.


No homem, tais fenômenos constituem a manifestação da vida espiritual;


é a alma a atuar fora do organismo. Na dupla vista ou percepção pelo sentido
psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito,
dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e
a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que
está muito além do alcance do raio visual. Lê o pensamento figurado no raio
fluídico (nº 15). (1)


23. - Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo


perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia
que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do
espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é
a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.


Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro


em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe
oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença
não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o
nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o
sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o
Espírito se desprende. (O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, Cap. VIII.)


Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto que o corpo vive


apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará
após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos,
livres ou encarnados também.


__________
(1) Fatos de dupla vista e lucidez sonambúlica relatados na Revue Spirite: janeiro de


1858, pág. 25; novembro de 1858, pág. 313; julho de 1861, pág. 193; novembro de 1865, pág.
352.


O laço fluídico que o prende ao corpo só por ocasião da morte se rompe


definitivamente; a separação completa somente se dá por efeito da extinção
absoluta da atividade vital. Enquanto o corpo vive, o Espírito, a qualquer
distância que esteja, é instantaneamente chamado à sua prisão, desde que a
sua presença aí se torne necessária. Ele, então, retoma o curso da vida exterior
de relação. Por vezes, ao despertar, conserva das suas peregrinações uma
lembrança, uma imagem mais ou menos precisa, que constitui o sonho. Quando
nada, traz delas intuições que lhe sugerem idéias e pensamentos novos e
justificam o provérbio: A noite é boa conselheira.


Assim igualmente se explicam certos fenômenos característicos do


sonambulismo natural e magnético, da catalepsia, da letargia, do êxtase, etc., e
que mais não são do que manifestações da vida espiritual. (1)


24. - Pois que a visão espiritual não se opera por meio dos olhos do


corpo, segue-se que a percepção das coisas não se verifica mediante a luz
ordinária: de fato, a luz material é feita para o mundo material; para o mundo
espiritual, uma luz especial existe, cuja natureza desconhecemos, porém que é,
sem dúvida, uma das propriedades do fluido etéreo, adequada às percepções
visuais da alma. Há, portanto, luz material e luz espiritual. A primeira emana de
focos circunscritos aos corpos luminosos; a segunda tem o seu foco em toda
parte: tal a razão por que não há obstáculo para a visão espiritual, que não é
embaraçada nem pela distância, nem pela opacidade da matéria, não existindo
para ela a obscuridade. O mundo espiritual é, pois, iluminado pela luz espiritual,
que tem seus efeitos próprios, como o mundo material é iluminado pela luz
solar.


25. - Assim, envolta no seu perispírito, a alma tem consigo o seu princípio luminoso. Penetrando a matéria


__________
(1) Casos de letargia e de catalepsia: Revue Spirite: "Senhora Schwabenhaus",


setembro de 1858, pág. 255; - "A jovem cataléptica da Suábia", janeiro de 1866, pág. 18.


Manifestações físicas. - Mediunidade


40. - Os fenômenos das mesas girantes e falantes, da suspensão etérea


de corpos pesados, da escrita mediúnica, tão antigos quanto o mundo, porém
vulgares hoje, facultam a explicação de alguns outros, análogos e espontâneos,
aos quais, pela ignorância da lei que os rege, se atribuía caráter sobrenatural e
miraculoso. Tais fenômenos têm por base as propriedades do fluido perispirítico,
quer dos encarnados, quer dos Espíritos livres.


41. - Por meio do seu perispírito é que o Espírito atuava sobre o seu


corpo vivo; ainda por intermédio desse mesmo fluido é que ele se manifesta;
atuando sobre a matéria inerte, é que produz ruídos, movimentos de mesa e
outros objetos, que os levanta, derriba, ou transporta. Nada tem de
surpreendente esse fenômeno, se considerarmos que, entre nós, os mais
possantes motores se encontram nos fluidos mais rarefeitos e mesmo
imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.


__________
(1) Exemplo e teoria da transfiguração: Revue Spirite, março de 1859, pág. 62. (O Livro


dos Médiuns, 2ª Parte, cap. VII.)


Obsessões e possessões


45. - Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da


inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é
parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste
mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as
enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como
provação ou expiação e aceita com esse caráter.


Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce


sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a
simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação
completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as
faculdades mediúnicas. Na mediuni-


__________
(1) A aptidão, que algumas pessoas denotam para línguas que elas manejam, sem, por


assim dizer, as haver aprendido, não tem como origem senão a lembrança intuitiva do que
souberam noutra existência. O caso do poeta Méry, relatado na Revue Spirite de novembro de
1864, pág. 328, é uma prova do que dizemos. É evidente que, se na sua mocidade, Méry fora
médium, teria escrito em latim tão facilmente como em francês e toda gente houvera visto nesse
fato um prodígio.













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