"Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões". ...Leon Denis

"O espiritismo é toda uma ciência, é toda uma filosofia.Quem desejar conhece-lo seriamente deve pois, como primeira condição,submeter-se a um estudo sério e persuadir-se que mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando" Allan Kardec

"Se a religião recusa caminhar com a ciência, a ciência avança sozinha."... (Allan Kardec)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

CAPÍTULO 8 DO LIVRO : Instruções Espiritualistas para Médiuns Iniciantes O trabalho na Umbanda

 

Capítulo 8: Mesa Mediúnica

 

A mesa mediúnica é um elemento carinhoso e central na prática espiritual da Umbanda, um espaço sagrado onde a comunicação entre o plano material e espiritual se torna possível. Neste cerne de troca energética, a presença dos médiuns e dos espíritos se entrelaça em um belo testemunho de amor, ajuda e transformação. Ao se aproximar da mesa mediúnica, o médium não apenas atua como um facilitador, mas também como um receptor de orientações e saberes que vêm de esferas superiores, proporcionando um ambiente seguro e acolhedor para as entidades que aqui se manifestam.

 

Historicamente, esse conceito se desenvolveu ao longo dos anos, quando os primeiros médiuns descobriram que, em um ambiente propício, a comunicação com o além se tornava mais fluida e eficaz. As mesas mediúnicas foram instituídas como um campo de força, onde as energias podem se concentrar, facilitando a interação e a troca mútua. Os primeiros grupos mediúnicos frequentemente se reuniam em cirandas, onde autenticidade e fé eram os alicerces desses encontros espirituais. Com o passar do tempo, essa prática evoluiu, solidificando-se como um pilar na Umbanda, guiando muitos na busca por cura, entendimento e autoconhecimento.

 

Para que essa magia ocorra de maneira harmoniosa, o ambiente onde a mesa mediúnica é realizada deve ser cuidadosamente preparado. Ele não se limita apenas à disposição dos móveis ou à iluminação. Ao criar esse espaço, é necessitado um verdadeiro ritual de intenção e clemência. O médium deve assegurar que cada canto da sala reverbere paz e tranquilidade, permitindo que todos os presentes se sintam acolhidos e seguros. A defumação com ervas sagradas, como a arruda e o alecrim, pode ajudar a purificar e proteger, estabelecendo uma atmosfera ideal para a conexão espiritual.

 

Além disso, o médium deve se lembrar de que a disposição, a energia das palavras e a vibração de todos os participantes têm um papel importante na configuração desse cenário. Um ambiente iluminado, adornado com água, flores e símbolos que evoquem gratidão e respeito pode elevar ainda mais as energias presentes. É nessa União de elementos que o espaço se transforma em um verdadeiro portão entre dimensões—um santuário onde o amor transcende o tempo e o espaço.

 

Em resumo, a mesa mediúnica não é apenas um objeto, mas um símbolo da interconexão entre mundos distintos. É um espaço vivo onde cada espírito, cada médium, e cada consulente se reúne em um ciclo constante de aprendizado e evolução. Ao adentrar nesse contexto, todos se tornam parte de uma vivência única, perpassada pelo divino, pelo respeito e pela esperança que nascem nesse ato de entrega e fé mútua.

 

Dinâmicas e Estruturas das Sessões

 

Antes que a magia das trocas energéticas possa fluir, é imprescindível que os rituais que precedem a mesa mediúnica sejam cuidadosamente realizados. O ambiente é preparado com as mais intrínsecas intenções, e aqui começamos com as orações que estabelecem um vínculo fundamental com o sagrado. Cada participante, antes de se sentar ao redor da mesa, aproximadamente em círculo, deve se conectar interiormente, emanando amor e boas energias. A meditação inicial é uma prática de entrega; um momento de silêncio onde se invoca a proteção e a orientação das entidades que farão parte daquele encontro.

 

As defumações, por sua vez, trazem um realce especial a essa preparação. Utilizando ervas sagradas como a sálvia e o alecrim, o médium inicia um ritual que vai além do corpo físico, criando uma atmosfera purificadora. O aroma que se espalha ambiente é apenas a materialização de um desejo coletivo de acolhimento: acolhimento à luz, à cura e a todas as entidades que desejam colaborar naquele trabalho. Envoltos por essas energias, os participantes começam a perceber a transformação iminente no ambiente.

 

Com a estrutura típica de uma sessão mediúnica em funcionamento, cada membro do grupo ocupa um papel definido, mas flexível. É comum que as energias se manifestem em sinergia, e a disposição dos médiuns pode variar conforme a natureza do trabalho. Um pode comandar, outro pode incorporar o espírito guia, enquanto outros se transformam em canais de amor e esperança. O importante é que cada ato e cada expressão respeitem a vibração elevada que todos buscam sustentar.

 

No momento em que o médium se posiciona frente à mesa, é alimentado um estado de entrega. A postura deve ser ereta, mas suave, como se estivesse em um equilíbrio delicado. As mãos são mantidas abertas, as palmas voltadas para cima, imitando a receptividade que se busca ao se conectar com o invisível. É nesse momento que a energia começa a circular, e as interações se desenrolam entre os presentes e os espíritos que aguardam a oportunidade de se manifestar.

 

Alicerçados pela harmonia do grupo, a condução do trabalho mediúnico deve estar imbuída de respeito pelas diretrizes que o cercam. Cada mediunidade possui seu caráter e sua forma de atuação; enquanto alguns espíritos podem trazer mensagens de amor e conforto, outros poderão representar desafios que exigem uma escuta atenta e um acolhimento profundo. Os médiuns devem estar cientes de que, naquela mesa, todos são participantes de um processo coletivo de cura e aprendizado.

 

Assim, ao final do ritual, ao colher os frutos da entrega mútua, os participantes se reúnem também para compartilhar suas experiências. Cada fala traz consigo uma porção de aprendizado, desperta reflexões e provoca o autoconhecimento. Esta partilha se torna um fechamento sagrado, um reconhecimento da colaboração de todos no fluxo da energia e no respeito às lições que precisam ser assimiladas.

 

Deste modo, as dinâmicas e mais ainda as estruturas das sessões mediúnicas vão muito além do simples ato de sentar ao redor de uma mesa. Elas representam um canal para a transformação, um espaço onde a expectativa e a entrega dançam em conjunto, criando laços tão profundos que podem ressoar na vida de cada ser com o qual se compartilha o amor que emanará dali.

 

Interação e Comunicação com os Espíritos

 

A interação com os espíritos na mesa mediúnica é uma aventura fascinante que exige respeito, atenção e uma atitude de entrega. Para que essa comunicação ocorra da maneira mais fluida e respeitosa possível, o médium deve primeiro cultivar um silêncio interior profundo. Esse estado de tranquilidade não é apenas benéfico, mas essencial. Ao silenciar a mente e direcionar a intenção para o bem, o médium cria um campo propício para que as entidades possam se manifestar de forma clara e efetiva.

 

A intuição, nessa hora, torna-se uma aliada valiosa. O médium deve estar atento a todos os sinais que podem surgir, como mudanças na temperatura, sonoridade, ou mesmo experiências simples como a sensação de leveza ou peso. Esses são alguns dos indícios que nos mostram a presença de seres espirituais, as energias que se agitam ao redor da mesa e, por consequência, a possibilidade de troca. Em meio a isso, é vital manter uma mente aberta, consciente de que elas podem oferecer não apenas orientações e admoestações, mas também amor e conforto.

 

Quando se trata de canalizar mensagens, a responsabilidade cresce para o médium. Estabelecer o contato com esses seres não é um ato trivial; as informações que surgem precisam ser tratadas com delicadeza e discernimento. Saber filtrar o que é essencial do que pode não ser útil é uma habilidade que se adquire com o tempo e com a prática. Durante esse processo, o médium deve se perguntar se as mensagens refletidas são realmente adequadas, respeitosas e se estão alinhadas ao propósito maior da cura e do amor.

 

Dentre os espíritos que se manifestam, cada um possui sua própria intenção e história. Os guias espirituais, por exemplo, são conhecidos por trazer mensagens de incentivo e proteção, enquanto entidades de sofrimento podem trazer ensinamentos mais difíceis, mostrando a importância da compaixão e do acolhimento. Ao lidar com essas diferentes energias, é imprescindível estar ciente da vibração que se estabelece. Algumas espíritos vêm com uma luz energética que traz alívio e esperança, enquanto outros exigem um cuidado extra e uma abordagem ainda mais acolhedora.

 

Portanto, o médium precisa de um entendimento claro sobre a natureza das energias que recebe e transmite. É um processo de constante aprendizado e autoavaliação. Durante as sessões, observar as reações não apenas dos espíritos, mas também dos participantes da mesa é crucial. O feedback recebido pode orientar o médium sobre como a transmissão da mensagem está sendo digerida, se está acontecendo uma verdadeira comunicação ou se alguns aspectos ainda precisam ser ajustados.

 

É fundamental cultivar um espaço onde todas as interações sejam baseadas no amor e no respeito. Um ambiente dessa natureza não só facilita a comunicação, mas também enriquece a experiência coletiva. Ao final de cada sessão, promover um momento para o compartilhamento de vivências pode ser uma forma poderosa de fortalecer os laços entre os participantes, permitindo que todos aprendam com as experiências vividas e se conectem ainda mais com a missão espiritual que estabelece a mesa mediúnica.

 

Em resumo, interagir e se comunicar com os espíritos é um profundo exercício de amor e compaixão que requer uma disposição genuína e responsável. Que essa jornada se torne um caminho de aprendizado e transformação, tanto para o médium quanto para aqueles que se reúnem ao seu redor. Por meio da prática respeitosa e do coração aberto, a mesa mediúnica se transforma em um verdadeiro portal de luz, onde cada alma pode encontrar consolo, aprendizado e renovação.

 

Reflexões e Ética na Prática Mediúnica

 

Ao se trabalhar na mesa mediúnica, não se pode esquecer que cada sessão é uma oportunidade enriquecedora, onde as experiências vividas oferecem lições valiosas. É essencial que todos os participantes estejam abertos para refletir sobre o que ocorreu, permitindo que o conhecimento se infunda de forma prática e pessoal em suas vidas. A prática da autocrítica deve ser acolhida com gentileza, pois é ao olhar para dentro que o médium consegue perceber suas emoções, expectativas e medos. Esse processo de introspecção é um sinal de maturidade e compromisso com o seu papel na mediunidade.

 

Diante de cada troca energética que acontece em uma sessão, é válido questionar: "O que eu aprendi com essa experiência? Quais sentimentos emergiram em mim durante o trabalho?" Essas perguntas ajudam a cultivar uma compreensão profunda e autêntica, transformando as vivências mediúnicas em oportunidades de crescimento e de propósitos renovados. É através da prática reflexiva que se forja uma conexão mais forte com a própria espiritualidade, e se amplia a capacidade de se tornar um canal genuíno de luz e amor.

 

A ética desempenha um papel fundamental na atuação do médium, sendo um alicerce nas interações da mesa mediúnica. A responsabilidade de lidar com mensagens e ensinamentos espirituais implica em um compromisso não apenas com a verdade, mas, acima de tudo, com o bem-estar dos consulentes. Ao transmitir uma mensagem, o médium deve assegurar que isso não cause confusão, medo ou insegurança, mas sim traga conforto e esperança. O discernimento é um atributo imprescindível nesse contexto, permitindo ao médium observar as melhores formas de expressar o que foi recebido. Isso por si só demandará exercício e dedicação.

 

Além disso, é importante que o médium compreenda a influência que exerce sobre os consulentes. As palavras e as atitudes tomadas durante a sessão têm o poder de moldar experiências complexas e, muitas vezes, muito sensíveis. Por isso, é fundamental que cada palavra seja escolhida com cuidado e amor, considerando o impacto emocional que pode gerar a quem a recebe. Em um espaço onde a vulnerabilidade é exposta, agir com respeito e delicadeza é uma necessidade que não se deve negligenciar.

 

Ao final de cada sessão, o ato de compartilhar as experiências também se revela um aspecto profundamente ético e educativo. A troca de vivências e sentimentos entre os participantes proporciona não só um encerramento que se consagra na gratidão, mas também é uma chance de aprendizado coletivo. Os relatos de experiências podem trazer à tona novos entendimentos e reflexões, permitindo que todos cresçam juntos em entusiasmo e confiança na espiritualidade que os cerca.

 

Portanto, o compromisso com a ética na mesa mediúnica não se restringe às obrigações individuais, mas também se expande para a comunidade de médiuns e consulentes. Reforça-se a necessidade de cultivar um ambiente repleto de amor, respeito e contribuição à evolução espiritual de todos os presentes. Cada encontro é sagrado, cada troca é essencial e a consciência de todos sobre isso permite que a mesa mediúnica se transforme em um verdadeiro espaço de transformação — um elo entre corações, onde a entrega e a esperança emergem a cada nova conexão.

 

Assim, ao se encerrar este capítulo, que fiquem gravados no coração dos leitores tanto a beleza do processo mediúnico quanto a responsabilidade ética que o acompanha. Cada momento em torno da mesa é uma oportunidade para sementar amor, compreensão e luz, criando um legado de transformação no plano espiritual e na vivência cotidiana de cada um. Que cada um que se atreve a adentrar neste caminho siga firmemente, levando consigo a missão de tocar as almas com a luz que emana do amor e da compaixão, reafirmando que a mesa mediúnica é, de fato, um espaço sagrado de entrega e união.


2 comentários:

Ricardo disse...

Capítulo rico de ensinamentos! Sigamos em frente!

LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA FERREIRA disse...

Obrigado Ricardo !!!