"Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões". ...Leon Denis

"O espiritismo é toda uma ciência, é toda uma filosofia.Quem desejar conhece-lo seriamente deve pois, como primeira condição,submeter-se a um estudo sério e persuadir-se que mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando" Allan Kardec

"Se a religião recusa caminhar com a ciência, a ciência avança sozinha."... (Allan Kardec)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Umbanda



A Umbanda é uma corrente baseada principalmente na caridade, simplicidade e humildade. Corrente esta que está fixada no astral há milênios. Esta corrente encontra na Brasil terreno fértil para sua retomada. Pois, neste país houve uma grande mistura de raças (Amerindios, Africanos, Europeus e Asiáticos) e credos, tornado-o centro de convergência e tolerâcia, podendo também os simples e puros de coração dar sua contribuição para o engrandecimento deste grande País.
Muitos tentam dar a Umbanda um sentido filo-religioso falso, tentando colocar os pretos-velhos dentro de confrarias, colocando os caboclos como seres superiores e detentores de poderes especiais, e o fazem para tentar tirar a principal característica deste grande movimento que é a simplicidade.
Há ainda, os que confundem Umbanda com Candomblé. Nos dias atuais vemos inclusive muitos terreiros ditos de Umbanda, mas que em verdade são misturas de cultos africanos com a própria.( Em outra oportunidade poderemos definir um pouco outras doutrinas.).
Os trabalhadores desta grande corrente de Umbanda são espíritos como todos nós, que se revestem da roupagem de preto-velhos, caboclos e crianças para poderem atuar e chegar até nós da melhor maneira possível.


- Início da Umbanda no Brasil

Leal de Souza, poeta, jornalista e escritor, foi o primeiro umbandista que enfrentou a crítica mordaz, ostensiva e pública, em defesa da Umbanda do Brasil ou seja, daquele movimento inicial preparado pelo Caboclo Curuguçu e assumido pelo Caboclo das Sete Eucruzilhadas, inegavelmente o primeiro marco oficial de surgimento da Umbanda, aqui em Niterói - São Gonçalo.
Ele o fez numa época em que era quase um crime de heresia falar de tal assunto (por volta de 1925), porque para os fanáticos religiosos e espíritos sectaristas, tudo era apenas macumba*.
*O termo Macumba é utilizado primeiramente como designação genérica dada a vários cultos sincréticos afro-brasileiros, em geral fortemente influenciados por religiões como Candomblé, Catolicismo, Espiritismo, por cultos ameríndios, e outras crenças. Outra acepção do termo, não tão conhecida, é a de um antigo instrumento musical de percussão, uma espécie de reco-reco, de origem africana.

Foi também o precursor de um ensaio de codificação, ou melhor, foi o primeiro que tentou definir, em diversos artigos, o que era a Umbanda ou o que viria a ser no futuro esse outro lado que já denominava de linha Branca de Umbanda.
Leal de Souza, muito antes mesmo de 1925, já dava entrevistas a jornais e a revistas, tentando explicar, razões e finalidade de sua “linha de Umbanda Branca”. Ele registrava - sem talvez prever o valor que teria para a posteridade e para a História dessa Umbanda, o nome da Entidade Espiritual precursora e mentora desse Movimento de Restauração ou de Renovação que foi se transformando e se consolidando nesse gigante, que é a Umbanda da atualidade.
Essa Entidade do Astral que Leal de Souza identificou, dava o nome de Caboclo CURUGUÇU  (ou Curugussu na grafia alterada) e que nós afirmamos significar, no Nhengatu, o Grito do Guardião. Segundo Leal de Souza o Caboclo Curuguçu foi quem trabalhou preparando o advento da Entidade que veio a se identificar como o Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium. Zélio de Moraes.
Não podemos duvidar, desse registro, pois o valor, a dignidade e a sinceridade de sua fé umbandista foram postos a prova, não ontem e nem hoje; foi em 1925, época duríssima, de perseguições e preconceitos acintosos contra os centros e terreiros, pois se ainda nesta época, do goveno Getulio Vargas nos assistimos a perseguições, prisões e fecha-fecha de centros e terreiros até de forma violenta (todos os velhos Umbandistas devem se lembrar disto).
Leal de Souza jamais poderia ter inventado o Caboclo Curuguçu e muito menos falseado a verdade dos fatos, de vez que, principalmente, era um fervoroso do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Ele só não se lembrou de deixar os detalhes por escrito, de como, por onde e através de quem esse Caboclo Curuguçu trabalhou preparando a descida do Sete Encruzilhadas..,
Antes dele ninguém havia dito nada sobre linha Branca de Umbanda etc. etc. etc.... Todavia, existem certos setores umbandistas que pretendem dar particularidades especiais na história ou nas origens da Umbanda do Brasil, doutrinando que: — quem levantou o termo Umbanda pela primeira vez e “codificou” a dita Umbanda foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Sem pretendermos desmerecer o brilho do maravilhoso trabalho dessa Entidade, pois um dos principais Vanguardeiros incumbido de lançar as sementes e as primeiras diretrizes do que viria a ser Umbanda de fato e de direito, não achamos justo esquecer aqueles outros humildes e semi-anônimos pioneiros, que tembém contribuíram, alhures, sem registro, para firmar as raízes dessa mesma Umbanda.
Mas, pelas linhas do direito, vamos contar como se deu o advento do Caboclo Sete Encruzilhadas versus Zélio de Moraes.
“Zelio Fernandino de Moraes, nascido no ano de 1891 (falecido em 4 de Outubro de 1975), era fluminense e morava no Bairro das Neves, em Niterói na rua Floriano Peixoto nº 30, junto com sua família, quando foi escolhido pelo astral superior para servir de veiculo (médium) a uma certa Entidade Espiritual, que iria usá-lo durante muito tempo, dentro de determinada Missão. Esse médium foi muito bem selecionado para tal finalidade, de vez que, durante todos os anos que exerceu a sua mediunidade, foi de conduta exemplar.
Zélio de Moraes tinha apenas 17 anos de idade, quando começou a padecer de um estranho mal-estar físico e psíquico sem que os médicos da época pudessem defini-lo e curá-lo. A coisa vinha assim durante muito tempo, quando, de repente sentiu-se completamente curado. Familiares estranharam e alguém sugeriu levá-lo a sessão da Federação Espírita, de Niterói que naquela época, era dirigida por José de Souza. Tinha Zélio precisamente 17 anos de idade.
E naquela mesma noite do dia 15 de novembro de 1908, Zélio compareceu e foi chamado para sentar-se à mesa. Logo após a abertura dos trabalhos, aconteceu uma súbita e surpreendente manifestação de espíritos que se identificavam como índios ou caboclos (na Umbanda o termo caboclo é genérico: serve para qualificar todo e qualquer espírito que se apresente na roupagem. fluídica de um índio) e de pretos-velhos escravos (que foram, é claro. O diretor da sessão achou aquilo tudo um absurdo e advertiu-os com certa aspereza para se retirarem. Estava caracterizado o racismo espíritico desde aquele instante até hoje..
Naquele instante dos acontecimentos, o jovem Zélio sentiu-se tomado e através dele um espírito falou: “porque repeliam a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens?” Seria por causa de suas origens sociais e da cor? A essa admoestação da Entidade que estava com o médium Zélio, deu-se uma grande confusão todos querendo se explicar debaixo de acalorados debates doutrinários, porém, a Entidade revoltada mantinha-se firme em seus pontos de vista. Nisso, um vidente pediu que a Entidade se identificasse, já que fora notado que ela irradiava uma luz positiva.
Ainda mediunizado o médium Zélio respondeu - ”se querem um nome, que seja este - ”sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas porque, para mim, não haverá caminhos fechados”. E ainda, usando o médium, anunciou o tipo de Missão que trazia do astral fixar as bases de um Culto, no qual todos os espíritos de indica e pretos-velhos poderiam executar as determinações do plano espiritual, e que no dia seguinte (precisamente no dia 16 de novernbro de 1908) desceria na residência do citado médium, as 20 horas, e fundaria um templo onde haveria igualdade para todas encarnados e desencarnados.
E ainda foi guardada a seguinte frase, que a entidade pronunciou no final: “levarei daqui uma semente e vou planta-lá nas Neves onde ela se transformará em árvore frondosa” (ainda se comenta até hoje se o termo Neves que empregou, o foi em sentido figurado, ou se era mesmo no bairro em que o jovem e família moravam).
Nesse dia marcado, na residência de Zélio de Moraes, a entidade desceu. Lá estavam muitos dos dirigentes daquela Federação e outras pessoas interessadas que vieram, a saber, do acontecimento. Inúmeras pessoas doentes ou disturbadas tomaram passes e muitas se disseram curadas. No final dessa reunião o Caboclos das Sete Encruzilhadas ditou certas normas para a seqüência dos trabalhos, inclusive: — atendimento absolutamente gratuito; roupagem branca simples, sem atabaques,etc..
A esse novo tipo de Culto que se formava nessa noite, a Entidade deu o nome de UMBANDA, que seria “a manifestação do espírito para a caridade”. Posteriormente reafirmou a Leal de Souza que “Umbanda era uma linha de demanda para a caridade”. Também nesse dia 16 foi fundado uma tenda com o nome de Tenda Nossa Senhora da Piedade, porque, segundo as palavras densa Entidade: —”Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a Tenda acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição”
Segundo testemunhas idôneas, ainda nessa mesma noite, baixou um preto-velho auxiliar, de nome Pai Antônio, um portento de sabedoria e de força espiritual.
Dai em diante as sessões seguiram nas normas estabelecidas, apenas com algumas praxes doutrinarias do Espiritismo de Kardec, por força da época e das circunstâncias, as quais foram, depois, sendo adaptadas à realidade da Umbanda. Assim, em 1913, o médium Zélio de Moraes recebeu mais um reforço excepcional com a presença de uma Entidade que se fez chamar de Orixá Malé, um Caboclo, que tinha a ordem e os direitos de Trabalho para a cura dos obsedados e para os desmanchos de Magia negra.
Transcorridos os anos, entre 1917 e 18, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens e assumiu o comando para a fundação de mais Sete Tendas, que seriam uma espécie de Núcleos Centrais, de onde se propagaria a Umbanda para todos os lados.
Oportunamente, numa sessão de desenvolvimento e estudos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas escolheu sete médiuns para fundarem os novos Templos, que assim ficaram constituídos:
Tenda Nossa Senhora da Guia, com Durval de Souza, que veio a se fixar na Rua Camerino, 59, Centro, Rio.
Tenda Nossa Senhora da Conceição, com Leal de Souza, da qual não conseguimos o endereço antigo e certo.
Tenda Santa Bárbara, com João Aguiar, que não conseguimos o artigo endereço.
Tenda São Pedro, com José Meireles, que veio a se fixar num sobrado da Praça 15 de Novembro.
Tenda de Oxalá, com Paulo Lavois, que velo a se fixar na atual Av. Presidente Vargas, 2.567, Rio.
Tenda São Jorge, com João Severino Ramos, que veio a se fixar na Rua Dom Gerardo no 45, Rio.

Bom queridos irmãos espero ter esclarecido um pouco o significado de nossa querida UMBANDA, aguardo as sugestões para que possamos quem sabe enriquecer mais esse tão nobre e vasto assunto.
Fiquem em PAZ !

Referências:
1 - RAMATIS, A Missão da Umbanda. Limeira SP: Editora do Conhecimento, 2006.
2 - SILVA,W. W. da Matta e. Lições de Umbanda e (Quimbanda) na Palavra de um Preto-Velho. 6ª, rev . e ampl. Rio de Janeiro, Freitas Bastos,1995
Umbanda de Todos Nós. São Paulo 12ª ed. Ícone, 2007.

2 comentários:

Unknown disse...

Dudu, gostei muito da postagem!
Sei que para que um médium encorpore uma entidade é necessário muito estudo, discernimento e muita proteção espiritual em volta. Como Zélio de Moraes conseguiu encorporar o Caboclo Curuguçu sem ser obsediado?!
Um dos pontos que gostaria de entender mais são os nomes e significados da Umbanda (de nomes como Ogum, Exu, Oxalá a termos variados).
É tanta coisa que é muito difícil - quase impossível - reunir em um post!
Muito obrigado pelos esclarecimentos! Seu blog é muito importante e altamente recomendável pela riqueza de detalhes e a imparcialidade e neutralidade!!!
Forte abraço!

Zel mendonça disse...

Na verdade a Nossa UMBANDA é linda. Quando penso que tive tanto preconceito sobre o assunto sem ao menos procurar saber o que realmente significava! O pq foi criada e como existe coerência em cada ensinamento, do próprio fundamento, na atuação dos Orixás, nas forças da natureza, os quatro elementos... Nossa! viver e estudar UMBANDA é maravilhoso. Cada dia mais me encanto um pouco. A minha própria dificuldade em me posicionar, em tentar melhorar como ser humano me faz acreditar ainda mais na existência de um mundo de informações que ainda precisamos dominar. A UMBANDA em minha vida foi o que determinou o conhecimento do meu caráter e com simplicidade me fez acreditar na fé e que Meus Companheiros Espirituais levaram muito tempo (com paciência) para chegar até mim e fazer do AMOR minha bandeira. Mesmo que eu ainda erre, que eu seja uma tonta, que sinta ira, que ainda perca um pouco da fé, que me atrapalhe em minha decisões, julgamentos, convicções e desejos, Ainda assim me reconheço outro ser: mais capaz, mais feliz, mais paciente e crédulo.
Pai, que eu consiga fazer de minha caminhada algo bom. E agora deixo aqui meu profundo agradecimento a Esses Senhores da Natureza que trouxe um colorido maravilhoso em minha vida, aos Amigos, Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças e a todas as energias que tanto contribuem e que cada um com sua marca somaram ao muito pouco do que hoje sou, não por Eles, mas pela minha própria pequenez em ainda ser um ser endurecido e me limitar no aprendizado. Como ainda me falta, querido Deus!!! Mas estou me esforçando. SARAVÁ!
Muito boa publicação Edu!