O terror noturno ou pânico
noturno (pavor nocturnus) é um distúrbio
do sono, caracterizado por
gritos durante o sono acompanhado do semblante de terror como se a pessoa
estivesse vendo algo terrorífico durante o sono. Geralmente começa com
manifestações comportamentais de intenso medo (ainda durante o sono) culminando em um despertar abrupto com um
grito de pânico e respiração rápida. O terror noturno habitualmente inicia
durante a primeira parte do sono e dura cerca de 1 a 10 minutos. Assim como
após sonhos normais é difícil recordar mais do que alguns poucos fragmentos do
que se estava sonhando e caso a pessoa volte a dormir logo depois esse
despertar pode ser esquecido junto com os sonhos quando ela voltar a dormir.
Ocorrência
É mais comum na infância, entre 10% a 15% das crianças tem pelo menos um episódio de terror
noturno por ano. Diminuindo para 5% a 10% em adolescentes e 1% a 5% dos adultos
não havendo diferença significativa entre homens e mulheres.Eventos
estressantes e a sensação de insegurança (desamparo aprendido)
aumentam a frequência dos episódios.
Características
Pesadelos são sonhos com forte conteúdo emocional angustiante, que não
necessariamente levam a despertar e ocorrem com muito mais frequência na
população, sendo mais facilmente associados a seus eventos estressantes e
frequentemente diminuindo de frequência sem necessidade de tratamento. O
"terror noturno" por outro lado é um severo distúrbio do sono,
consistindo de ataques de terror agudo emergindo do sono profundo após o
primeiro REM (entre 15 minutos a 2 horas após começar a dormir). É acompanhado
por violentos movimentos corporais, agitação extrema, gritos, gemidos, falta de
ar, suor, confusão, e em alguns casos, fuga da cama ou do quarto, comportamento
destrutivo e agressão dirigida a objetos ou contra eles mesmos ou outras
pessoas. No momento de pânico ferimentos, fraturas e lesões podem ocorrer caso
não sejam tomadas precauções.
O intervalo em que a pessoa
fica acordada pode ser apagado junto com o pesadelo naturalmente. Sendo assim,
é comum que a pessoa não lembre nada no dia seguinte, especialmente crianças
pois seu cérebro ainda não está completamente amadurecido. Isso ocorre pois
enquanto dormimos a transição de memória de longo prazo se focaliza apenas nas
informações mais importantes que ocorreram antes da pessoa ir dormir e descarta
o resto como desnecessária. É possível lembrar esse intervalo caso a pessoa
faça o esforço adequado para memorizar esse evento e desencadear essas memórias
com anotações ou ao ouvir a história de um familiar.
Terror noturno pode coincidir
com sonambulismo, em cujo caso andar e correr ocorre em conjunção com gritos,
saltos e agitação violenta.
Durante o ataque de terror noturno,
existe uma superativação do sistema
nervoso autônomo simpático,
incluindo dilatação das pupilas,sudorese, aumento nas taxas respirátórias e cardíaca, e aumento na pressão arterial. A taxa do coração (taquicardia) pode aumentar até 160 a 170
batimentos por minuto (o normal geralmente é de 60 a 100 no adulto), os quais
são maiores que aqueles ocorrendo durante os episódios de estresse mais
severos.
Diagnóstico
Os seguintes os critérios são
usados para diagnosticar o distúrbio do terror noturno:
Episódios repetitivos de
despertar abrupto do sono, geralmente durante o primeiro terço do sono e com um
grito de pânico;
Medo intenso e sinais de
excitação autonômica;
Baixa responsividade relativa
aos esforços para confortar a pessoa durante o episódio;
O paciente lembra-se de um
sonho pouco detalhado e existe uma amnésia (esquecimento) do episódio;
O episódio causa sofrimento ou
prejuízo na vida social, trabalho ou outras áreas importantes da vida;
O distúrbio não é devido aos
efeitos diretos de uma droga de abuso ou medicação, ou condição médica geral.
Causas
As causas do terror noturno
ainda são desconhecidas. Ansiedade extrema, estresse e conflitos, conscientes ou subconcientes, são
fatores facilitadores. Em crianças, a precipitação de eventos traumáticos, febre e distúrbio emocional pode exibir um papel fundamentalmente
causador.
Algumas teorias biológicas do
terror noturno apontam para uma imaturidade do sistema nervoso como possível causa, mas ela não foi comprovada.
Durante períodos estressantes,
os episódios podem ocorrer episódios semanalmente, e algumas vezes, várias
vezes na semana. O distúrbio pode levar anos para desaparecer e mesmo fazendo
tratamento é difícil desaparecerem completamente. É mais frequente em pacientes
ansiosos e depressivos.
Tratamento
O escuro favorece a manutenção
das alucinações causadas pelo pesadelo e pânico. Voltar a dormir em um quarto
escuro e só pode desencadear novos episódios, especialmente em crianças.
Deve-se incentivar a
regularidade e os horários de dormir/despertar, evitando privação de sono.
Quanto maior a regularidade dos horários de dormir menor a frequência deste e
outros distúrbios do sono. Alimentos gordurosos, carnes, café, laticínios e outros alimentos de difícil digestão devem ser evitados a noite.
No caso em que o paciente está tomando qualquer droga pré-disponente, ela deve
ser suspensa gradualmente. Psicoterapia a longo prazo frequentemente é necessária. Técnicas de hipnose e biofeedback também podem ajudar.
O tratamento também deve ter
como objetivo proteger o paciente de possíveis danos contra ele mesmo e contra
os outros. O quarto deve ficar desobstruído, grades na cama devem ser
acochoadas, as janelas firmemente fechadas e é importante que a pessoa tenha
fácil acesso a iluminação. Após o susto inicial a pessoa pode ser acolhida e
ouvir palavras de apoio e segurança até que a sensação de terror diminua,
crianças podem ser carregadas no colo e ouvir uma canção de ninar.
Certas drogas psicoativas tais
como os antidepressivos ,podem ser usados para o controle a curto prazo do terror noturno,
mas o sua eficácia é limitada, produz sonolência diurna e causa dependência química e psicológica.
Bibliografia:
PINTO JR, L.R. Os distúrbios do sono em neurologia:
Comportamentos anormais Parassônias. Editorial Moreira, 2001, p. 594-597.
Disponível em: http://www.sono.org.br/pdf
Um comentário:
Muito bom o texto, Dudu!!!
Eu tenho um sono pesadérrimo, não sofro desse "terror", mas quando me acordam cedo sou bem mal-humorado. kkkkkkk
Músicas para dormir, horário disciplinado e pequenas lâmpadas (azuis de preferências) para iluminar devem ajudar bastante, né?!
Adorei o texto!!!
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