quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A ENERGIA ESPIRITUAL DO SEXO




André Luiz,
Chico Xavier,
"No Mundo Maior"



Desde as mais antigas civilizações, o sexo foi considerado uma sagrada faculdade do homem e da mulher. Nele, sempre foi reverenciado o poder criador da vida e da natureza. Todas as culturas dão testemunho disso em seus ritos, mitologias, artes e tradições religiosas.




Se atentarmos para o significado de algumas palavras que expressam conotações referentes ao "sagrado" e ao espiritual, encontraremos nítidas relações com a sexualidade transcendente ou espiritual:




A palavra sacrossanto, (do latim sacrosanctu) expressão que significa "santo e sagrado", tem origem na palavra "sacro" (sacru), osso da coluna vertebral mediatamente inferior às vértebras lombares, onde localiza-se o aparelho reprodutor.




A própria palavra criar, da raiz sânscrita KR significando "fazer", através do latim creare, implica produção, crescimento, dar vida. A estreita relação entre fecundidade sexual e originalidade mental fica evidente pelo uso que fazemos da palavra "criar", indicando tanto criação da vida como atividade artística. O nascimento de idéias tem analogia com o nascimento físico e empregamos a palavra "concebendo" e "concepção" em dois sentidos.




O mesmo se dá nas palavras Génesis (do latim genese e do grego genesis), ou gênio, que têm sua origem em genésico, ou genital, ualmente associados à criação e à criatividade, com raízes no sexo.




Orgasmo:

Vocábulo encontrado no português, através do latim, a partir de duas raízes gregas estreitamente relacionadas: orgio, um rito sagrado, sacrifício, cerimônia que fazia parte dos antigos mistérios greco-romanos realizados nos festejos de Dionisio ou Baco.




O que derivou nossa expressão "orgia", e orgasio, que significa "crescer", "inchar" de ardente desejo, paixão, enlevo superdimensionamento da sensação culminando no êxtase interior.




Venerar:

Associado ao sânscrito van, amar ou honrar, porém tomado diretamente do latim vener, reverenciar, amar. "Venerável", "venéreo" e "Vênus" (a deusa romana do amor) também são palavras relacionadas, oriundas do latim. Venerar significaria reconhecer os órgãos sexuais como objetos verdadeiramente merecedores de nossa adoração e respeito.




Tão elevadas eram consideradas as funções sexuais e tão estritamente ligadas ao conceito do divino, que podemos ler na bíblia, em Génesis, 24-2-9:




"Põe a tua mão por baixo da minha coxa (sobre o membro viril), para que eu te faça jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra.




Pos, portanto, o servo a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou-lhe fazer o que lhe tinha dito."




Todas essas expressões eram usadas na linguagem mística dos mistérios das antigas religiões e tinham profundo significado espiritual para os seus adeptos e iniciados. Na verdade, a energia criadora do sexo faculta no homem e na mulher os mais elevados sentimentos e pensamentos, expande as percepções da alma ao amor incondicional, às dimensões do espírito, das ciências e das artes.




Obviamente, toda essa linguagem simbólica se degenerou, perdeu-se, banalizou-se. Com o tempo, esses elevados conceitos se perderam e o sexo passou a ser motivo de "perdição" e "pecado". As trevas da Idade Média reprimiram-no totalmente.




E hoje, sob o pretexto de liberação sexual tornou-se motivo de desequilíbrio e quedas morais escabrosas.




Sexo e casamento:




Também o espiritismo reconhece na sexualidade seu caráter divino e espiritual. Compreende a importância de sua sagrada função de perpetuação da espécie, bem como a necessária complementação emocional que proporciona aos seres, constituindo-se, assim, essencial atributo do espírito imortal.




Allan Kardec, em sua obra, O Livro dos Espíritos, abordou a questão da sexualidade enfatizando o casamento, conforme orientação dos espíritos superiores, como a condição ideal de equilíbrio e sustentação para a sexualidade humana, considerando o seu aspecto físico-espiritual:




"A união livre e fortuita dos sexos pertence ao estado da natureza. O casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições. A abolição do casamento seria, portanto, o retorno à infância da humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de alguns animais que lhe dão o exemplo das uniões constantes".




Predominância do corpo sobre a alma:




Uma pergunta interessante de Kardec aos espíritos superiores, muito oportuna aos nossos dias, encontra-se na questão 694, de O Livro dos Espíritos. Pergunta o codificador: "Que pensar dos usos que têm por fim deter a reprodução, com vistas à satisfação da sensualidade". Ao que eles respondem: "Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e o quanto o homem está imerso na matéria".




Poligamia ou monogamia?




A inversão de valores de nossos dias confunde a muitas pessoas. Mas o espiritismo vem falar da lei divina, que é imutável e para a qual o homem deve aprender a conformar sua conduta, a fim de evitar o sofrimento desnecessário.




Mas, em se tratando de comportamento sexual, qual seria a atitude mais conforme à lei natural: a poligamia ou a monogamia? Para os espíritos "a poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há verdadeiramente afeição: não há mais do que sensualidade".




O codificador ainda enfatiza: "Se a poligamia estivesse de acordo com a lei natural devia ser universal, o que, entretanto, seria materialmente impossível em virtude da igualdade numérica dos sexos. A poligamia deve ser considerada como um uso ou uma legislação particular apropriada a certos costumes e que o aperfeiçoamento social fará desaparecer pouco a pouco".




E o celibato voluntário?




"Seria o celibato voluntário um estado de perfeição, meritório aos olhos de Deus?" pergunta o codificador aos espíritos. Respondem eles: "Não, e os que vivem assim, por egoísmo, desagradam a Deus e enganam a todos".




No entanto, é diferente quando o celibato é um ato de sacrifício para algumas pessoas que desejam devotar-se mais inteiramente ao serviço da humanidade. Afirmam os espíritos a este respeito: "Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem e sem egoísmo. Quanto maior o sacrifício, maior o mérito.




Direcionamento consciente da energia físico-espiritual do sexo:




Nos difíceis dias de hoje, o espiritismo vem para nortear o sentimento e os valores morais do ser humano em prova na Terra, restituindo-lhe o bom senso, esclarecendo-lhe o raciocínio.




Portanto, ao compreender o homem a si mesmo como um ser espiritual, revestido das mais gloriosas potencialidades, com vistas à imortalidade, saberá entender e a sentir o valor, a responsabilidade perante si e ao próximo e, sobretudo, a orientação de luz ou de treva, para a qual direciona a energia físico-espiritual do sexo.




CITAÇÕES:

O Livro dos Espíritos,

Allan Kardec

J. Herculano Pires.




"Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade".




Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

3 comentários:

  1. Caro Dudu, inicialmente um feliz 2014! Sentimos falta de suas postagens, sempre criteriosamente fundamentadas. É um excelente tema para se expor com maior frequência e sem tabus moralistas em palestras e em dias de desenvolvimento.

    São tantas questões subjacentes que surgem, mas quando (re)li a abordagem da monogamia que faz a codificação, lembrei-me de Ramatis, no livro "Sob a Luz do Espiritismo":

    PERGUNTA: Há alguma razão ou justificação para o velho costume do Oriente de os sultões possuírem haréns com dezenas de mulheres e, alguns, com centenas de filhos? Não seria isso um abuso da prática sexual?


    RAMATÍS: Nas adjacências do planeta Terra, em zonas astralinas de convergência para a superfície física, existem mais de 10 bilhões de espíritos desencarnados e com problemas aflitivos, ansiosos para conseguir um organismo carnal e assim apagai; ou pelo menos atenuar, as lembranças dolorosas de seus desacertos e indisciplinas espirituais anteriores.

    Em conseqüência, um "organismo carnal" é a mais preciosa dádiva que se lhes oferece, como meio para transitar no mundo físico, a fim de não só reparar faltas pretéritas, como ainda aumentar o índice de consciência sob um novo aprendizado terrícola. Há, nessa espera, desde almas cujas culpas são bem mais leves e, por isso, não sofrem tanta angústia pela expectativa de sua materialização terrena, até, em maior porcentagem, espíritos cujo desespero os leva a aceitar qualquer tipo de organismo carnal, em qualquer latitude geográfica, numa descendência aristocrática ou marginalizada, rica ou pobre, sadia ou enferma, culta ou inculta. Não lhes importam as convenções do mundo físico, quanto à condição de filho legítimo ou espúrio, de uma progenitora venerável, ou meretriz, de uma família amiga ou carmicamente adversa. A solução do seu problema aflitivo é reencarnar-se, de qualquer modo e de qualquer forma, e, assim, ocultar, sob o véu do esquecimento, a sua consciência culpada ou o remorso inquietante, e para apagar temporariamente da memória perispiritual o passado. Os mais desesperados e descrentes tomam-se almas impiedosas, clamando por vingança contra sua mãe, se, sob qualquer pretexto social, financeiro ou comodidade, ela resolve abortar, impedindo o reencarnante de aliviar suas dores e acalmar o remorso numa organização carnal.
    Infeliz da mulher que por coincidência, pratica o aborto desnecessário quando já se aninhava no útero materno para renascer, uma alma ainda embrutecida, feroz e capaz de todas as perversidades, numa vingança deliberada e esmagadora. Seria difícil o escritor mais melodramático descrever os acontecimentos postos em movimento no mundo oculto contra a infeliz abortadeira. O resto de sua existência física será um calvário de dores, quando lhe faltar assistência espiritual superior, até desligar-se do corpo físico e ir, desamparada, ao encontro do verdugo impiedoso e satanicamente feliz de castigar a sua vítima.
    Em face dessa necessidade de organismos carnais para atender o excesso de almas ainda com fortes tendências encarnatórias, os tradicionais haréns do Oriente tornaram-se berços coletivos para os renascimentos, uma vez que os sultões, e mesmo os seus descendentes, numa poligamia sem limites, procriavam e procriam às dezenas, ou mesmo às centenas de filhos. Malgrado se verifique uma forte sensualidade, ainda em tal caso, a Lei funciona buscando o equilíbrio devido à exigüidade de filhos no regime monogâmico, para melhor solução das necessidades dos desencarnados no Além-Túmulo; enquanto os renascidos pouco se importam com a sua descendência, mas com a dádiva de um corpo.
    Também não podemos esquecer as tradições sociais da poligamia milenar, entre velhos patriarcas bíblicos.

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  2. Bruno meu amigo , mais uma vez obrigado, realmente tenho me dedicado pouco ao blog, estou assoberbado de trabalho , mas vai melhorar eem breve voltarei as postagens semanais, mais uma vez obrigado ! Um abraço !!

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  3. Fala, meu amigo! Depois dê uma conferida neste blog: http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2014/02/espiritismo-ou-sera-cientifico-ou-nao.html

    Achei interessante e acho que você pode gostar.

    Grande abraço!

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