"Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões". ...Leon Denis

"O espiritismo é toda uma ciência, é toda uma filosofia.Quem desejar conhece-lo seriamente deve pois, como primeira condição,submeter-se a um estudo sério e persuadir-se que mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando" Allan Kardec

"Se a religião recusa caminhar com a ciência, a ciência avança sozinha."... (Allan Kardec)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO



Desenvolvimento Mediúnico é o ato de fazer crescer, progredir, expor a faculdade que permite aos homens comunicarem-se com os Espíritos.
Se nós falamos somente em desenvolvimento mediúnico e não em “criar” mediunidade ou médiuns, é, certamente porque esta faculdade não se cria numa determinada pessoa que não a possua. A mediunidade é uma faculdade tão natural no homem quanto qualquer outro dos cinco sentidos habituais (visão, audição, olfato, tato e paladar). Tomemos o paladar para exemplo. Ninguém inventa faculdade inata, pronta para ser utilizada, como que programada por milênios e milênios de existências anteriores, documentada na nossa memória espiritual. É preciso, contudo, em cada existência que se reinicia, reaprender a utilizá-lo adequadamente para selecionar alimentos, definir preferências ou recusar substâncias prejudiciais. Assim também é a mediunidade um atributo físico do homem.

Os Espíritos afirmam a Kardec [LM-it 226]:
"A faculdade mediúnica se radica no organismo".
O médium já nasce médium. Cabe-nos portanto, se possuidores da faculdade mediúnica, nos esforçarmos por exercê-la com devotamento e humildade.

Por que desenvolver a mediunidade
De posse destes conceitos, forma-se uma nova dúvida em nossa mente: Por que desenvolver a mediunidade? Presença de mediunidade significa necessidade de trabalho na Seara Espírita? Nós sabemos que na Terra estamos rodeados por Espíritos desencarnados que a todo instante, através do pensamento, nos influenciam e são influenciados por nós. Sendo os médiuns, por características próprias de seu corpo físico, indivíduos mais sensíveis, captam com maior facilidade a influência dos Espíritos, podendo sofrer, às vezes, conseqüências desagradáveis em decorrência de possuir em uma faculdade que não conhecem e não dominam.

Além disso, nós sabemos que da faculdade mediúnica podem dispor se bons e maus Espíritos, podendo no caso dos maus, levarem o médium ao desequilíbrio.

O Espírito da Verdade afirma [LM-cap 31 it 15]:
"...Todos os médiuns são incontestavelmente chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida da sua faculdade..."

Em [Nos Domínios da Mediunidade] ouvimos as seguintes afirmativas do Espírito Albério (instrutor de André Luiz):

"Mediunidade, por si só não basta. É necessário sabermos que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso trabalho e julgar nossa direção. É perigoso possuir sem saber usar."
Assim, é a mediunidade uma faculdade inerente à própria vida, sendo semelhante ao dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias e por tantos infortúnios na Terra. Entretanto, ninguém se lembrará de suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, em face das circunstâncias imponderáveis da evolução, tenham se servido dos olhos para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição. É necessário iluminá-los, orientá-los, esclarecê-los.

Etapas do Desenvolvimento Mediúnico

A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas, antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o médium possa tornar-se um filtro leal das Esferas Superiores com vistas à ascensão da Humanidade para o Progresso.
Mas então, como proceder ao desenvolvimento mediúnico? Allan Kardec e vários benfeitores espirituais nos orientam que, no desenvolvimento mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual – material moral.

a) Etapa Intelectual: é representada pela necessidade do estudo.
Kardec afirma:

"...O estudo preliminar da teoria é indispensável, se quisermos evitar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM-it 211]

O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina Espírita são bases essenciais e indispensáveis.

b) Etapa Material: é o adestramento, uma forma de treinamento da faculdade mediúnica, uma familiarização com as técnicas envolvidas no processo da mediunidade.
"Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico infalível para se chegar à conclusão que alguém possua essa faculdade; os sinais físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada tem de infalíveis. Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência que é o experimentar." [LM-cap 17 it 200]

Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em grupo, local adequado, sob orientação experiente, desprovida de concionamentos.

O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para as comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabelecidos, de preferência em grupo. Kardec nos orienta [LM-it 207] que a reunião de pessoas com intenção semelhante forma um todo coletivo onde a força e a sensibilidade se encontram aumentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o desenvolvimento da faculdade.

A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas experientes, conhecedoras da Doutrina Espírita e do fenômeno mediúnico.
Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local apropriado, isto é, no Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a orientação de Espíritos Bons, que são responsáveis pelos trabalhos mediúnicos da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético que nos protege espiritualmente durante os trabalhos mediúnicos. É simples compreendermos, pois na Terra acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a supervisão de um médico experiente para evitar desastres. Se for
uma cirurgia será necessário um cuidado ainda maior - um centro cirúrgico.
O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 tentativas de comunicação com os Espíritos não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício de comunicação. Como vimos, existem obstáculos de correntes da própria organização mediúnica em desabrochamento, impedimentos materiais e psíquicos que, só com o tempo e a dedicação serão contornados.
Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite aos Espíritos se comunicarem com facilidade, que seja, em uma palavra, um “médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec [LM 216] crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma resistência material, e é agora que começa para ele o verdadeiro desafio, as verdadeiras dificuldades: vencer a terceira etapa - a moral.

c) Etapa Moral: Allan Kardec define como espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se contenta em admirar a moral espírita, mas a pratica e aceita todas as suas conseqüências. Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos os instantes para avançar no caminho do Progresso, esforçando-se em fazer o bem e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é a regra de sua conduta.
Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação religiosa das mais sérias, é um mandato que nos é oferecido pela Espiritualidade Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o aspirante à mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus ensinamentos e esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão. Isto significa trabalha incessantemente por nossa reforma moral. Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso crescimento para o Bem poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro da mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil, pois o que mais temos dentro de nós são sensações e experiências negativas e deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é mais fácil e cômodo, sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas.
E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferiores? Carregamos séculos de erros e alguns anos de boas intenções. É claro que não podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta reforma moral, que só nós saberemos identificar e sentir porque estará marcada em nosso íntimo. Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando muito. Jesus, o Médium por Excelência, sintonizava constantemente com Deus, no entanto, após a convivência com o povo, sempre se afastava para orar e meditar em silêncio e solidão.
A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na mediunidade, mas no caráter de um e de outro; na formação moral está a base de todo desenvolvimento mediúnico.
Alguns cuidados devem ser tomados por todos aqueles que aspiram ao desenvolvimento mediúnico:
* Culto do Evangelho no Lar: ele proporciona a renovação do clima espiritual do lar sob as luzes do Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina maior de energia de que somos carentes, é onde compensamos nossa vibrações psíquicas em reajustamento.
* Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando nos pelo próximo, auxiliando-o sempre em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa capacidade de servir desinteressadamente. Participação em atividades como: campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e creches, grupos de costura, evangelização, etc.
* Freqüência ao Centro Espírita: nas reuniões públicas e outras atividades oferecidas pelas Casas Espíritas. Aprenderemos a viver em grupos Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos as sessões mediúnicas nos lares; organização espiritual não se improvisa.
* Estudo Coletivo: reunidos aos companheiros para o estudo das obras espíritas, evitemos as falsas interpretações. Assimilando as experiências de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa percepção dos conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária.
* Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábitos, permutando vícios por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que sobreviverão eternamente.

Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha a desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o exercício da mediunidade com Jesus.


Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier
5) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
6) Desenvolvimento Mediúnico - Roque Jacinto

7) Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"FÍSICA QUANTICA - USP CONFIRMA EFICÁCIA DO PASSE MAGNÉTICO"


Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar.
O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Johrei, utilizada pela igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o espiritismo, que pratica o chamado “passe”.
Todo o processo de desenvolvimento dessa pesquisa nasceu em 2000, como tema de mestrado do pesquisador Ricardo Monezi, na Faculdade de Medicina da USP. Ele teve a iniciativa de investigar quais seriam os possíveis efeitos da prática de imposição das mãos. “Este interesse veio de uma vivência própria, onde o Reiki (técnica) já havia me ajudado, na adolescência, a sair de uma crise de depressão”, afirmou Monezi, que hoje é pesquisador da Unifesp.
Segundo o cientista, durante seu mestrado foi investigado os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células que ficam os tumores. “Agora, no meu doutorado que está sendo finalizado na Unifesp, estudamos não apenas os efeitos fisiológicos, mas também os psicológicos”, completou.
A constatação no estudo de que a imposição de mãos libera energia capaz de produzir bem-estar foi possível porque a ciência atual ainda não possui uma precisão exata sobre esse efeitos. “A ciência chama estas energias de ‘energias sutis’, e também considera que o espaço onde elas estão inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”, explicou.
As sensações proporcionadas por essas práticas analisadas por Monezi foram a redução da percepção de tensão, do stress e de sintomas relacionados a ansiedade e depressão. “O interessante é que este tipo de imposição oferece a sensação de relaxamento e plenitude. E além de garantir mais energia e disposição”.
Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 ratos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress.
O processo de desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre do ano passado. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes a partir de abril deste ano!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Umbanda



A Umbanda é uma corrente baseada principalmente na caridade, simplicidade e humildade. Corrente esta que está fixada no astral há milênios. Esta corrente encontra na Brasil terreno fértil para sua retomada. Pois, neste país houve uma grande mistura de raças (Amerindios, Africanos, Europeus e Asiáticos) e credos, tornado-o centro de convergência e tolerâcia, podendo também os simples e puros de coração dar sua contribuição para o engrandecimento deste grande País.
Muitos tentam dar a Umbanda um sentido filo-religioso falso, tentando colocar os pretos-velhos dentro de confrarias, colocando os caboclos como seres superiores e detentores de poderes especiais, e o fazem para tentar tirar a principal característica deste grande movimento que é a simplicidade.
Há ainda, os que confundem Umbanda com Candomblé. Nos dias atuais vemos inclusive muitos terreiros ditos de Umbanda, mas que em verdade são misturas de cultos africanos com a própria.( Em outra oportunidade poderemos definir um pouco outras doutrinas.).
Os trabalhadores desta grande corrente de Umbanda são espíritos como todos nós, que se revestem da roupagem de preto-velhos, caboclos e crianças para poderem atuar e chegar até nós da melhor maneira possível.


- Início da Umbanda no Brasil

Leal de Souza, poeta, jornalista e escritor, foi o primeiro umbandista que enfrentou a crítica mordaz, ostensiva e pública, em defesa da Umbanda do Brasil ou seja, daquele movimento inicial preparado pelo Caboclo Curuguçu e assumido pelo Caboclo das Sete Eucruzilhadas, inegavelmente o primeiro marco oficial de surgimento da Umbanda, aqui em Niterói - São Gonçalo.
Ele o fez numa época em que era quase um crime de heresia falar de tal assunto (por volta de 1925), porque para os fanáticos religiosos e espíritos sectaristas, tudo era apenas macumba*.
*O termo Macumba é utilizado primeiramente como designação genérica dada a vários cultos sincréticos afro-brasileiros, em geral fortemente influenciados por religiões como Candomblé, Catolicismo, Espiritismo, por cultos ameríndios, e outras crenças. Outra acepção do termo, não tão conhecida, é a de um antigo instrumento musical de percussão, uma espécie de reco-reco, de origem africana.

Foi também o precursor de um ensaio de codificação, ou melhor, foi o primeiro que tentou definir, em diversos artigos, o que era a Umbanda ou o que viria a ser no futuro esse outro lado que já denominava de linha Branca de Umbanda.
Leal de Souza, muito antes mesmo de 1925, já dava entrevistas a jornais e a revistas, tentando explicar, razões e finalidade de sua “linha de Umbanda Branca”. Ele registrava - sem talvez prever o valor que teria para a posteridade e para a História dessa Umbanda, o nome da Entidade Espiritual precursora e mentora desse Movimento de Restauração ou de Renovação que foi se transformando e se consolidando nesse gigante, que é a Umbanda da atualidade.
Essa Entidade do Astral que Leal de Souza identificou, dava o nome de Caboclo CURUGUÇU  (ou Curugussu na grafia alterada) e que nós afirmamos significar, no Nhengatu, o Grito do Guardião. Segundo Leal de Souza o Caboclo Curuguçu foi quem trabalhou preparando o advento da Entidade que veio a se identificar como o Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium. Zélio de Moraes.
Não podemos duvidar, desse registro, pois o valor, a dignidade e a sinceridade de sua fé umbandista foram postos a prova, não ontem e nem hoje; foi em 1925, época duríssima, de perseguições e preconceitos acintosos contra os centros e terreiros, pois se ainda nesta época, do goveno Getulio Vargas nos assistimos a perseguições, prisões e fecha-fecha de centros e terreiros até de forma violenta (todos os velhos Umbandistas devem se lembrar disto).
Leal de Souza jamais poderia ter inventado o Caboclo Curuguçu e muito menos falseado a verdade dos fatos, de vez que, principalmente, era um fervoroso do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Ele só não se lembrou de deixar os detalhes por escrito, de como, por onde e através de quem esse Caboclo Curuguçu trabalhou preparando a descida do Sete Encruzilhadas..,
Antes dele ninguém havia dito nada sobre linha Branca de Umbanda etc. etc. etc.... Todavia, existem certos setores umbandistas que pretendem dar particularidades especiais na história ou nas origens da Umbanda do Brasil, doutrinando que: — quem levantou o termo Umbanda pela primeira vez e “codificou” a dita Umbanda foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Sem pretendermos desmerecer o brilho do maravilhoso trabalho dessa Entidade, pois um dos principais Vanguardeiros incumbido de lançar as sementes e as primeiras diretrizes do que viria a ser Umbanda de fato e de direito, não achamos justo esquecer aqueles outros humildes e semi-anônimos pioneiros, que tembém contribuíram, alhures, sem registro, para firmar as raízes dessa mesma Umbanda.
Mas, pelas linhas do direito, vamos contar como se deu o advento do Caboclo Sete Encruzilhadas versus Zélio de Moraes.
“Zelio Fernandino de Moraes, nascido no ano de 1891 (falecido em 4 de Outubro de 1975), era fluminense e morava no Bairro das Neves, em Niterói na rua Floriano Peixoto nº 30, junto com sua família, quando foi escolhido pelo astral superior para servir de veiculo (médium) a uma certa Entidade Espiritual, que iria usá-lo durante muito tempo, dentro de determinada Missão. Esse médium foi muito bem selecionado para tal finalidade, de vez que, durante todos os anos que exerceu a sua mediunidade, foi de conduta exemplar.
Zélio de Moraes tinha apenas 17 anos de idade, quando começou a padecer de um estranho mal-estar físico e psíquico sem que os médicos da época pudessem defini-lo e curá-lo. A coisa vinha assim durante muito tempo, quando, de repente sentiu-se completamente curado. Familiares estranharam e alguém sugeriu levá-lo a sessão da Federação Espírita, de Niterói que naquela época, era dirigida por José de Souza. Tinha Zélio precisamente 17 anos de idade.
E naquela mesma noite do dia 15 de novembro de 1908, Zélio compareceu e foi chamado para sentar-se à mesa. Logo após a abertura dos trabalhos, aconteceu uma súbita e surpreendente manifestação de espíritos que se identificavam como índios ou caboclos (na Umbanda o termo caboclo é genérico: serve para qualificar todo e qualquer espírito que se apresente na roupagem. fluídica de um índio) e de pretos-velhos escravos (que foram, é claro. O diretor da sessão achou aquilo tudo um absurdo e advertiu-os com certa aspereza para se retirarem. Estava caracterizado o racismo espíritico desde aquele instante até hoje..
Naquele instante dos acontecimentos, o jovem Zélio sentiu-se tomado e através dele um espírito falou: “porque repeliam a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens?” Seria por causa de suas origens sociais e da cor? A essa admoestação da Entidade que estava com o médium Zélio, deu-se uma grande confusão todos querendo se explicar debaixo de acalorados debates doutrinários, porém, a Entidade revoltada mantinha-se firme em seus pontos de vista. Nisso, um vidente pediu que a Entidade se identificasse, já que fora notado que ela irradiava uma luz positiva.
Ainda mediunizado o médium Zélio respondeu - ”se querem um nome, que seja este - ”sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas porque, para mim, não haverá caminhos fechados”. E ainda, usando o médium, anunciou o tipo de Missão que trazia do astral fixar as bases de um Culto, no qual todos os espíritos de indica e pretos-velhos poderiam executar as determinações do plano espiritual, e que no dia seguinte (precisamente no dia 16 de novernbro de 1908) desceria na residência do citado médium, as 20 horas, e fundaria um templo onde haveria igualdade para todas encarnados e desencarnados.
E ainda foi guardada a seguinte frase, que a entidade pronunciou no final: “levarei daqui uma semente e vou planta-lá nas Neves onde ela se transformará em árvore frondosa” (ainda se comenta até hoje se o termo Neves que empregou, o foi em sentido figurado, ou se era mesmo no bairro em que o jovem e família moravam).
Nesse dia marcado, na residência de Zélio de Moraes, a entidade desceu. Lá estavam muitos dos dirigentes daquela Federação e outras pessoas interessadas que vieram, a saber, do acontecimento. Inúmeras pessoas doentes ou disturbadas tomaram passes e muitas se disseram curadas. No final dessa reunião o Caboclos das Sete Encruzilhadas ditou certas normas para a seqüência dos trabalhos, inclusive: — atendimento absolutamente gratuito; roupagem branca simples, sem atabaques,etc..
A esse novo tipo de Culto que se formava nessa noite, a Entidade deu o nome de UMBANDA, que seria “a manifestação do espírito para a caridade”. Posteriormente reafirmou a Leal de Souza que “Umbanda era uma linha de demanda para a caridade”. Também nesse dia 16 foi fundado uma tenda com o nome de Tenda Nossa Senhora da Piedade, porque, segundo as palavras densa Entidade: —”Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a Tenda acolheria os que a ela recorressem, nas horas de aflição”
Segundo testemunhas idôneas, ainda nessa mesma noite, baixou um preto-velho auxiliar, de nome Pai Antônio, um portento de sabedoria e de força espiritual.
Dai em diante as sessões seguiram nas normas estabelecidas, apenas com algumas praxes doutrinarias do Espiritismo de Kardec, por força da época e das circunstâncias, as quais foram, depois, sendo adaptadas à realidade da Umbanda. Assim, em 1913, o médium Zélio de Moraes recebeu mais um reforço excepcional com a presença de uma Entidade que se fez chamar de Orixá Malé, um Caboclo, que tinha a ordem e os direitos de Trabalho para a cura dos obsedados e para os desmanchos de Magia negra.
Transcorridos os anos, entre 1917 e 18, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens e assumiu o comando para a fundação de mais Sete Tendas, que seriam uma espécie de Núcleos Centrais, de onde se propagaria a Umbanda para todos os lados.
Oportunamente, numa sessão de desenvolvimento e estudos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas escolheu sete médiuns para fundarem os novos Templos, que assim ficaram constituídos:
Tenda Nossa Senhora da Guia, com Durval de Souza, que veio a se fixar na Rua Camerino, 59, Centro, Rio.
Tenda Nossa Senhora da Conceição, com Leal de Souza, da qual não conseguimos o endereço antigo e certo.
Tenda Santa Bárbara, com João Aguiar, que não conseguimos o artigo endereço.
Tenda São Pedro, com José Meireles, que veio a se fixar num sobrado da Praça 15 de Novembro.
Tenda de Oxalá, com Paulo Lavois, que velo a se fixar na atual Av. Presidente Vargas, 2.567, Rio.
Tenda São Jorge, com João Severino Ramos, que veio a se fixar na Rua Dom Gerardo no 45, Rio.

Bom queridos irmãos espero ter esclarecido um pouco o significado de nossa querida UMBANDA, aguardo as sugestões para que possamos quem sabe enriquecer mais esse tão nobre e vasto assunto.
Fiquem em PAZ !

Referências:
1 - RAMATIS, A Missão da Umbanda. Limeira SP: Editora do Conhecimento, 2006.
2 - SILVA,W. W. da Matta e. Lições de Umbanda e (Quimbanda) na Palavra de um Preto-Velho. 6ª, rev . e ampl. Rio de Janeiro, Freitas Bastos,1995
Umbanda de Todos Nós. São Paulo 12ª ed. Ícone, 2007.